Entulho da construção civil e as vantagens da sua reutilização
A construção civil é um dos ramos mais relevantes do mercado devido à grande representatividade na economia do país e à geração de empregos. Porém, um dos problemas agravantes atrelado a esse ramo vem crescendo e necessitando de um maior cuidado: a questão da larga produção de entulho.
No Brasil, as obras geram 84 milhões de m³ de resíduos por ano, e destes, apenas 17 milhões são reaproveitados. De acordo com o Green BuildingConcil Brasil, a construção civil mundial é umas das indústrias que mais consomem recursos naturais e ainda é responsável por cerca de 25% a 30% de gases lançados na atmosfera.
O que é entulho? E como é classificado?
Segundo a ABRECON, entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., que são gerados na construção, reforma e/ou demolição de estruturas, como prédios, residências e pontes.
Numa linguagem mais técnica, o Resíduo da Construção e Demolição (RCD) ou Resíduo da Construção Civil (RCC) é todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, escavação ou demolição.
Perante a Resolução CONAMA 307 art 3º, os resíduos da construção civil deverão ser classificados da seguinte forma:
I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
- De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
- De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc), argamassa e concreto;
- De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc) produzidas nos canteiros de obras.
II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros e gesso;
III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
IV – Classe D – são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Os resíduos que são recicláveis para a produção de agregados, são separados em três grupos, de acordo com a ABRECON:
- Grupo I
Materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassa, blocos de concreto.
- Grupo II
Materiais cerâmicos: telas, manilhas, tijolos, azulejos.
- Grupo III
Materiais não recicláveis: solo, gesso, metal, madeira, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor.
Vantagens da reciclagem do entulho
A reciclagem e a reutilização desses entulhos geram diversos benefícios, ambientais, sociais e até mesmo econômicos. Sendo o principal benefício o ambiental, pois além de diminuir a deposição desses em lugares inadequados, como rios e lagos, reduz a poluição e evita danos causados pela má utilização, como o assoreamento, o entupimento de bueiros e valas, que causam enchentes e trazem problemas para a sociedade. Além disso, vale lembrar que os recursos utilizados na construção civil são de fontes limitadas, e a reutilização do entulho proporciona a redução na extração de matéria-prima, uma vez que ele se torna um aliado em produtos do segmento da construção civil, substituindo materiais e na fabricação dos mesmos.
Na economia, torna-se um bom investimento econômico. Pois, além de gerar renda e trabalho, diminui os gastos pelo governo para a remoção dos entulhos de locais proibidos, na execução da correta deposição.
Além disso, a reciclagem dos entulhos pode gerar 80% de economia em serviços gerais e nos custos de uma obra, como a redução dos custos para a compra de materiais, tendo em vista a possibilidade de reutilizar os entulhos gerados na própria construção. Ainda, a reciclagem desses materiais tem efeito positivo na diminuição das emissões dos gases do efeito estufa, emitidos pelo setor da construção.