Entenda os impactos da maresia na construção civil
Viver próximo ao litoral é o sonho de muitas pessoas. De fato, o mar confere muitos benefícios ao bem-estar da população, principalmente devido à sensação de paz por estar em maior convívio com a natureza, é o que aponta uma pesquisa elaborada pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, que comprovou a redução de estresse quando em contato com o ambiente da praia, além de estimular as pessoas a praticarem atividades físicas, trazendo benefícios à própria saúde.
No entanto, apesar de serem belas e possuírem alto valor turístico, as áreas litorâneas sofrem com transtornos causado por uma questão natural chamada maresia e, por esse motivo, ao decidir construir nessas áreas, é necessário que haja um maior estudo com relação aos materiais e às técnicas que serão usados no processo para driblar os efeitos desse fenômeno.
Mas o que é a maresia? A maresia é o vapor formado por várias partículas de água salina, devido à agitação do mar, que são levadas pelo vento em direção ao continente. Por ser um agente oxidante forte, a maresia é responsável pela corrosão de estruturas de ferro e metal que perdem, por sua vez, beleza e vida útil.
Diante da exposição à maresia, todos os tipos de estrutura de concreto podem sofrer ataques de cloretos, sulfatos e outros agentes agressivos. Entretanto, aquelas com face voltada aos ventos dominantes estão mais suscetíveis, assim como os locais com grande superfície em relação ao volume, pilares e vigas, sobretudo. Quanto mais esbelto for o elemento, mais sério e evidente será o problema, esclarece o pesquisador do IPT Carlos Eduardo de Siqueira Tango. Basicamente os cuidados necessários às estruturas de concreto situadas em áreas litorâneas partem do princípio de evitar ou minimizar a contaminação.
Assim, na hora de construir, deve-se atentar à alguns cuidados básicos como os listados abaixo:
- Encontrando o terreno
Deve se certificar de que o terreno escolhido não é área de preservação ambiental. Isso não está relacionado com a maresia, mas é importante constatar que o terreno tem escritura e que a posse não seja ilegal. Além disso, é importante observar a quais riscos a área está submetida, bem como a infraestrutura da região, saneamento básico, iluminação e proximidade ao mar. Lembre-se: quanto mais próximo, maior o efeito da maresia!
- Tipo de solo
Os solos em áreas litorâneas costumam ser menos consistentes, sendo necessária a sondagem do terreno para decidir o tipo de fundação, evitando deslizamentos e desabamentos.
- Estruturas de ferro e aço
Costumam sofrer mais com a ação da maresia e, economicamente falando, não é viável sua utilização em construções muito próximas ao mar. Assim, se houver a possibilidade, é indicado que haja a troca dessas estruturas por outro material.
A espessura de concreto que recobre vigas e pilares em áreas rurais, onde a agressividade é baixa, é de 2,5 cm. Já em áreas que sofrem com a ação da maresia, a espessura varia de 4,0 cm a 5,0 cm.
- Alvenaria e revestimentos
O impacto nas alvenarias não costuma ser alto, pois é constituído, geralmente, por blocos de cerâmica ou concreto. No entanto, deve-se cuidar dos revestimentos para que a penetração de umidade seja baixa. Quando ocorre a penetração, apesar de o processo ser lento, pode causar infiltração no interior, fazendo que pisos e azulejos fiquem fragilizados e se soltem. Assim, uma boa ideia reside na substituição por revestimentos de pedras para o chão e cerâmicas para as paredes.
Além disso, atualmente existem no mercado ótimos produtos de pintura com resistência mais elevada para serem aplicados em construções suscetíveis ao ataque da maresia. Recomenda-se, mesmo assim, que seja feita a manutenção a cada 2 anos para que se mantenha a cor viva.
- Portas e janelas
O material mais indicado é o PVC, mas pode ser usada a madeira e o alumínio que, também, são resistentes aos ataques.
- Móveis.
É indicado o uso de lustra-móveis e óleo de peroba para proteger os móveis, bem como manter a limpeza com frequência para que não haja o acúmulo de salinidade da maresia sobre a superfície.
Já os sofás e as poltronas, indica-se usar o poliéster como tecido de recobrimento por apresentar resistência à umidade.
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